Sem Voz Como Seremos Ouvidos?

Na historia do ensino brasileiro não existe em parte alguma uma menção ou faz-se qualquer referencia a alunas ou alunos transgênero. Esse espaço em branco precisa e deve ser preenchido, e de alguma forma contados da rotina, do preconceito, dificuldades e enfrentamentos vividos por essas pessoas. Na maioria das vezes tratadas com muita hostilidade. Sofrendo pressão psicológica e as vezes até expostas a perigos. Precisamos entender o sofrimento e sentimento dessas pessoas, isso se faz necessário. Algumas perguntas ficam sem respostas, como por exemplo - como esse ambiente reflete em suas vidas? Como essas instituições lidam com esses alunos e alunas? Como treinam os seus funcionários, atendentes e colaboradores para lhe dar com o diferente? É um verdadeiro milagre de não sermos doidas, porém o mundo pedi para que sejamos "loucas".
   Sofremos desde sempre, o olhar a nós dispensados é sem duvida algum um dos mais desprezíveis que um ser consegue suporta. Isso acontece em TODOS os lugares das mais diversas e ditas camadas sociais. Esse olhar é de terror, nojo. Esquecemos o que é ser olhada com ternura, respeito e dignidade. Alias a falta de dignidade é algo que tem existência concreta em nossas vidas...sempre a do outro. Somos os excluídos, as Aias, os mutantes, os que insistem em circular tentando naturalidade, quando na verdade nos deixam claro a todo o tempo, que em qualquer lugar, em todos os lugares em tempo algum isso não nos será permitido. Não  há nenhum "lugar" a nós pertencente. O preço as vezes é muito alto a ser pago. Mas precisa ser quitado. E somos cobrados sempre. A vida nos ensina que - viemos para ser fudidas. Aqui ou você fode ou é fudida.
Pare e observe: Onde em seus meios existe uma travesti ou uma transexual? No caixa da padaria? do super mercado? da farmácia, Recepcionista da clinica, do pet, do metrô, da secretaria da escola, da faculdade, na entrada de um prédio..Nós nunca estamos em lugar algum onde a cara a ser exposta seja a de uma transexual.
Chega um momento que acabam definindo quem somos. Chega um momento em que penso: " Puta que pariu o criador deve ter outras prioridades e preocupações nesse momento." Isto até pode ser encarado como um ato de rebeldia de minha parte. Mas na realidade isso aqui é um FODA-SE para o patriarcado e para esse mundo machista e detalhe  formado de uma maioria de mulheres. Somos mulheres na maioria.
Estou tentando mudar o mundo sim. Mesmo que sozinha e mesmo que somente um pouquinho. E assim eu embarco na escuridão, não tive escolha, não me deram outra opção essa é a única, me obrigam a isso. Sabe o que é o oposto de desgraça? é graça. Pois é o que tento fazer todos os dias de minha vida, apontada e jogada na fogueira diariamente pelo simples fato de existir e ser diferente. Sendo submetida a julgamentos aleatórios de pessoas que desde sempre julgam-se muito mais superiores do que eu.
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais - ANTRA diz que: 90% das travestis e transexuais recorrem a prostituição como única opção de sobrevivência. Isso é um dado.
Segundo o Grupo Gay da Bahia - GGB, até 20 de setembro de 2017, somava-se mais de 1 assassinato de uma travesti ou transexual por dia no Brasil. Esse é outro fato. Dado por dado...jogamos os nossos e vejamos no que vai dar. ...E deixa eu ir a luta, enfrentar mais um dia de batalha nesse mundo perfeito para alguns.

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